quarta-feira, 16 de maio de 2007

Palavras de Silo 5-05-07


Jornadas de Experiências.

Queridas amigas, queridos amigos, peregrinos e visitantes do Parque Punta de Vacas. Quisera tocar o núcleo principal destas jornadas que está dado pela Reconciliação como experiência espiritual profunda. Mas sei que saberão perdoar-me se faço um rodeio adiando o tema por uns minutos, a fim de ambientar esta situação um tanto extraordinária que estamos vivendo.

Somente quatro vezes em quase quarenta anos nos comunicamos publicamente desde aqui, desde esta desolada paragem montanhosa. A primeira vez foi em 1969. E hoje vemos uns marcos gravados em diferentes idiomas, que recordam o que foi dito naquela oportunidade. Ali está a síntese de um sistema de pensamento e ação que foi se expressando de diferentes maneiras, em diferentes tempos e em diferentes lugares do mundo. Naquela época falou-se das diferenças que existiam entre a dor física e o sofrimento mental. E se considerou à Justiça e a Ciência, voltadas totalmente ao progresso das sociedades, como únicos caminhos para suavizar e fazer retroceder a dor de nossos corpos. Mas ocorria com o sofrimento mental, diferente da dor física, que não era possível fazer desaparecer pelo caminho da Justiça e da Ciência. O contínuo empenho aplicado em fazer avançar a Ciência e a Justiça nas sociedades humanas dignificava as melhores causas. Igualmente, ao tratar de vencer o sofrimento mental, se fazia um esforço tão importante como o aplicado em vencer a dor. Desde então pregamos que os esforços para superar a dor e o sofrimento são os mais dignos esforços da empresa humana.

Com centenas de milhares de amigos afetuosos, nos colocamos na tarefa de humanizar a Terra. O que tem sido para nós "Humanizar a Terra"? Tem sido pôr como máximo valor a liberdade humana e como máxima prática social a não discriminação e a não violência. Ao tentar humanizar a Terra não nos excluíamos das obrigações que cobrávamos de outros. De fato, tínhamos como imposição, como norma de conduta, a exigência de tratar aos demais como queríamos ser tratados. Agora propomos fazer uma parada no caminho da humanização para refletir sobre o sentido de nossa existência e de nossas ações. Peregrinamos a este lugar desolado buscando a Força que alimente nossa vida, buscando a Alegria do fazer e buscando a Paz mental necessária para progredir neste mundo alterado e violento. Nestas Jornadas estamos revisando nossas vidas, nossas esperanças e também nossos fracassos com o objetivo de limpar a mente de toda falsidade e contradição. Ter a oportunidade de revisar aspirações e frustrações é uma prática que ainda que acontecesse somente uma vez na vida, deveria fazer todo aquele que busca avançar em seu desenvolvimento pessoal e em sua ação no mundo. Estes são dias de inspiração e reflexão. Estes são dias de Reconciliação. Reconciliação sincera com nós mesmos e com aqueles que nos feriram. Nessas relações dolorosas que padecemos, não estamos tentando perdoar nem ser perdoados. Perdoar exige que uma das partes coloque-se a uma altura moral superior e que a outra parte se humilhe diante daquele que perdoa. E é claro que o perdão é um passo mais avançado que o da vingança, mas não é tanto como o da reconciliação.

Tampouco estamos tentando esquecer os agravos que aconteceram. Não é o caso de operar a falsificação da memória. É o caso de tentar compreender o que aconteceu para entrar no passo superior de reconciliar. Nada de bom se consegue pessoal ou socialmente com o esquecimento ou o perdão. Nem esquecimento nem perdão! porque a mente deve ficar fresca e atenta sem dissimilações, nem falsificações. Estamos considerando agora o ponto mais importante da Reconciliação que não admite adulterações. Se é que buscamos a reconciliação sincera conosco e com aqueles que nos feriram intensamente é porque queremos uma transformação profunda de nossa vida. Uma transformação que nos tire do ressentimento no qual, em definitiva, ninguém se reconcilia com ninguém e nem sequer consigo próprio. Quando conseguimos compreender que em nosso interior não habita um inimigo mas um ser cheio de esperanças e fracassos, um ser no qual vemos em curta sucessão de imagens, momentos bonitos de plenitude e momentos de frustração e ressentimento. Quando conseguimos compreender que nosso inimigo é um ser que também viveu com esperanças e fracassos, um ser que teve bonitos momentos de plenitude e momentos de frustração e ressentimento, estaremos colocando um olhar humanizador sobre a pele da monstruosidade.

Este caminho para a reconciliação não surge espontaneamente, do mesmo modo que não surge espontaneamente o caminho para a não-violência. Porque ambos requerem de uma grande compreensão e da formação de uma repugnância física pela violência.

Não seremos nós que julgaremos os erros, próprios ou alheios, para isso estará a retribuição humana e a justiça humana e será a altura dos tempos que exercerá seu domínio, porque eu não quero julgar-me nem julgar... quero compreender em profundidade para limpar minha mente de todo ressentimento.

Reconciliar não é esquecer nem perdoar, é reconhecer tudo o que ocorreu e é propor-se sair do círculo do ressentimento. É passear o olhar reconhecendo os próprios erros e os dos outros. Reconciliar a sí próprio é propor-se não passar pelo mesmo caminho duas vezes, mas dispor-se reparar duplamente os danos produzidos. Mas está claro que àqueles que nos tenham ofendido não podemos pedir que reparem duplamente os danos que nos ocasionaram. Contudo, é uma boa tarefa fazer-lhes ver a cadeia de prejuízos que vão arrastando em suas vidas. Ao fazer isso nos reconciliamos com quem tenhamos sentido antes como um inimigo, ainda que isso não faça com que o outro se reconcilie conosco, mas isso já é parte do destino de suas ações sobre as quais nós não podemos decidir.

Estamos dizendo que a reconciliação não é recíproca entre as pessoas e também que a reconciliação consigo próprio não traz como conseqüência que outros saiam de seu círculo vicioso embora se possa reconhecer os benefícios sociais de semelhante postura individual.

O tema da reconciliação tem sido central em nossas jornadas mas seguramente outros muitos avanços teremos conseguido ao peregrinar fisicamente numa paisagem desconhecida que terá despertado paisagens profundas. E isto sempre será possível se o Propósito que nos leva a peregrinar é uma disposição para a renovação, ou melhor ainda, uma disposição para a transformação da própria vida.

Nestes dias passamos em revista as situações que consideramos mais importantes em nossa vida. Se localizamos tais momentos e passeamos por eles, com a reconciliação limpando os ressentimentos que nos atam ao passado, fizemos uma boa peregrinação até a fonte da renovação e a transformação.

Não esqueçamos as pequenas frases que surgiram em nosso interior, não esqueçamos as idéias que nos chegaram subitamente, não deixemos de anotar algumas verdades que conseguimos conjeturar por que as vimos dançar brevemente em nosso caminhar ou porque as vimos em nossos sonhos reparadores depois de nossa peregrinação. Estas frases, estas conjeturas e estas verdades dançarinas são inspirações que estamos prontos para agradecer e são inspirações que nos convidam a ir além em nossas experiências, não somente de reconciliação mas de superação das contradições, das debilidades e dos temores.

Faço votos para que as buscas e os encontros nos inflamem e nos motivem muito profundamente.

Para terminar devo dizer que reconheço e quero compartilhar com todos esta situação que é similar a que descrevemos em uma de nossas Experiências Guiadas: "Regresso ao mundo com a fronte e as mãos luminosas. Assim, pois, aceito o meu destino. Ali estão o caminho e eu, humilde peregrino que regressa à sua gente. Eu, que volto luminoso às horas, ao dia rotineiro, à dor do homem, à sua simples alegria. Eu, que dou das minhas mãos o que posso, que recebo a ofensa e a saudação fraterna, canto ao coração que do abismo escuro renasce à luz do ansiado Sentido.”
Silo, Punta de Vacas 2007

sábado, 12 de maio de 2007

Manisfestações Humanistas


Libertar...


Ter ideais, sonhos, metas e nunca desistir.
Ser humana, mulher, profissional, Capitã
Cuidar dos amigos, dos irmãos, do Pai
Ser amada pelos sobrinhos,
Ser uma Estrela na família,
Romper as barreiras,

A primeira a ousar
A primeira a lutar...
A primeira a conquistar...
A primeira a se formar...
A primeira a guiar...
A primeira a voar...

As palavras, o coração, a vida, sua História
São as provas do teu interior libertário...
Sua trajetória em busca de respostas...
Guiaram teu caminho, vitoriosa.
Jamais permita que algo retire isso de teu espírito,
Pois sua essência é amar...
E o Amor é SER HUMANO

Para minha irmã

Simone